sexta-feira, 22 de maio de 2009

(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.


A regulação dos mercado é hoje um tema recorrente na discussão sobre a evolução do preço dos produtos petrolíferos. A campanha presidencial norte-americana é disso um exemplo, com Barack Obama a sugerir uma apertada supervisão da Comissão de Mercado de Valores de Futuros (CFTC, na sigla original) sobre os operadores que compram e vendem energia nos mercados electrónicos, actualmente isentos de vigilância graças a um "regime de excepção" impulsionado pela empresa Enron (antes do seu colapso) e implementado através de uma lei proposta pelo senador Phil Gramm, um dos co-presidentes da campanha de MaCain.É nos mercados de futuros que se faz o essencial da especulação com os produtos petrolíferos. Um contrato futuro corresponde a um compromisso de compra e venda de um determinado activo numa data específica, por preço e condições previamente definidas. As primeiras transações envolvendo petróleo nos mercados de futuros realizaram-se em Nova Iorque (NYMEX) e Londres (IPE) nos anos 80, generalizando-se nos anos 90 a outros países. Originalmente criados para facilitar a redução do risco dos agentes envolvidos nas transações de produtos “físicos”, estes mercados “virtuais”, cujo funcionamento pressupõe a existência de um número alargado de compradores e vendedores e não implica o contacto directo com as mercadorias transaccionadas, tornou-se particularmente apetecível para os especuladores, em particular, naturalmente, nos períodos de subida de preços.Por sua vez, McCain está mais preocupado com a extensão da exploração de petróleo, tendo recentemente solicitado ao Congresso dos Estados Unidos que levantasse a proibição de construção de plataformas de exploração petrolífera em alto-mar, que vigora desde 1982, para evitar impactos ambientais. As grandes companhias petrolíferas também aproveitam o contexto de alta dos preços para justificar uma suposta necessidade de aumentar a intensidade da exploração de petróleo. Um caso muito recente é o da insistente pressão da empresa Exxon no sentido de exigir ao governo do Kazaquistão a aceleração do processo de abertura da exploração de novas jazidas, que estava prevista para 2005 e foi adiada para 2013. O Iraque anunciou a abertura a empresas privadas da exploração dos seus campos de petróleo, o que contrasta com as práticas dos países vizinhos, como a Arábia Saudita, o Kuwait e os Emirados Árabes, onde empresas estatais mantêm um rigoroso controlo sobre o investimento estrangeiro nos sectores petrolíferos. As reservas provadas do Iraque, de 115 mil milhões de barris, são as maiores do mundo depois das da Arábia Saudita e do Irão e os contratos para a sua exploração estão a ser negociados com contratos estão a ser negociados com a Royal Dutch Shell, a BP, a Exxon Mobil, a Shell em parceria com a BHP Billiton e a Chevron em parceria com a Total.Três destas grandes empresas - a Exxon Mobil, a Royal Dutch Shell e a BP - controlam mais de metade da produção internacional de petróleo e em 2005 alcançaram um nível de vendas de cerca de um bilião de dólares, empregando mais de 300 mil pessoas. Estas empresas detêm activos de valor superior a 630.000 milhões de dólares e lideram o ranking dos mercados bolsistas, com a General Electric, a Vodafone e a General Motors.As pressões políticas exercidas por este poderoso lobby, largamente financiado e dirigido pela Exxon, vão-se conhecendo através da imprensa, como foi o caso da influência sobre George Bush para que os Estados Unidos se demarcassem das recomendações sobre desenvolvimento sustentável assumidas globalmente na Cimeira de Joanesburgo, em 2002.Estas empresas, e em particular a BP, tiveram também larga participação na Guerra do Iraque: nos dias anteriores à invasão, uma equipa de engenheiros treinou no Kuwait tropas de combate britânicas para a manutenção de campos petrolíferos no Iraque e logo após a ocupação do país um director da BP foi nomeado pelo governo inglês para a reconstrução das refinarias iraquianas. Hoje, a exploração do petróleo iraquiano está a ser repartida entre as grandes empresas do sector a nível mundial.O controle que as grandes empresas petrolíferas têm sobre a economia e a política internacional foi amplamente contestada em Madrid, por ocasião do 19º Congresso Mundial do Petróleo. Em resposta, diferentes movimentos sociais promoveram o Encontro Social Alternativo do petróleo, protestando contra o poder de um restrito grupo de governos e empresas sobre os recursos, a economia, as condições sociais e a política no planeta.Numa pequena manifestação, algumas dezenas de pessoas vestidas de preto simularam uma "maré negra" que percorreu o centro de Madrid e irrompeu pelas instalações da Bolsa da capital espanhola. Os engravatados frequentadores do edifício pegaram em cadeiras e tentaram agredir os pacíficos manifestantes. Mostraram que a especulação financeira tem amplas defesas contra os ataques populares. Até à cadeirada, se for preciso!

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